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Capoeira do Núcleo de Apoio à Saúde da Família muda a realidade de jovens em SG

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Publicado em:  26/12/2019

Instrumento de resistência negra ao longo da história e considerada Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO (União das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura), a capoeira, através do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf) de São Gonçalo, muda a realidade de adolescentes e jovens no bairro Santa Isabel. A turma com mais de 40 alunos das regiões do Arrastão, Ipiíba e Parada Feliz, se reúne semanalmente para a prática, que para além de uma atividade física, tem sido instrumento de transformação na trajetória de dezenas de jovens.

“Dia 23 de fevereiro completo 24 anos treinando. Eu costumo dizer que a capoeira é a minha vida, e através dela eu conheci o Brasil inteiro. Não tem dinheiro no mundo que pague isso. Capoeira não tem preço, ela tem valor. Conseguir dar a esses jovens a oportunidade de sonhar com outras possibilidades é isso. O grande mestre Pastinha, um mestre antigo, diz que capoeira é tudo o que a boca come. Então, nutrir esses jovens de esperança é dar a oportunidade deles saborearem todos os sabores que a capoeira oferece!”, destacou Renan de Souza, 37 anos, o Contra Mestre Tubarão, professor responsável pela roda de Capoeira contemporânea que acontece toda quinta e sexta em Santa Isabel.

Tratado não só como mestre, para os alunos, Tubarão é um grande amigo e através da prática das atividades mostra que saúde tem tudo a ver com qualidade de vida e cidadania. Além do Núcleo, o Nasf também realiza uma parceria com o Ciep 421 – Cristina Tavares, em Santa Isabel, ampliando ainda mais o acesso de adolescentes e jovens na prática da capoeira.

“Na minha escola eu conheci o professor e comecei a treinar. Para mim a capoeira melhora a condição física, ajuda na disciplina, e também desenvolve o respeito entre os amigos. Aqui no treino fiz muitas novas amizades. E tem sido muito importante esse espaço pra mim. Vi muita gente da minha idade se perder pelo caminho errado, e só pelo fato da gente ser preto e morar em determinado lugar já acham que a gente é bandido. Por isso a capoeira é muito importante para mim. Ela mudou a minha vida!”, destacou Pedro Henrique Tavares, de 18 anos, que treina junto com os dois irmãos mais novos, Davi e Danilo Tavares, de 11 e 16 anos.

Além do cuidado com o corpo, os ensinamentos da capoeira também fizeram com que o estudante Antônio Ramos, de 15 anos, mudasse a sua perspectiva sobre a história. A capoeira, de origem e fundamentos africanos e afro-brasileiros, foi inclusive proibida por lei durante mais de 40 anos, pouco tempo depois a Lei Áurea, que aboliu a escravidão.

“A capoeira pra mim é tudo. Antes de começar a treinar eu tinha muito preconceito com a capoeira. Sou cristão e começando a treinar entendi melhor os fundamentos. Hoje é algo que eu amo e respeito!”, disse o adolescente, morador de Quinta Dom Ricardo, localidade em Santa Isabel.

Para Nathany Rodrigues, 16, moradora de Ipiiba e a única aluna da turma, o projeto virou uma grande família.

“Eu pratico capoeira a minha vida toda. Mas, aqui é diferente. Estou há cinco meses treinando e aqui nós somos muito unidos. Chamamos o mestre de pai, porque ele se tornou um grande amigo de todos nós!”, disse a estudante.

Para o coordenador do Nasf, Júnior Olivo, possibilitar o cuidado de forma integral é a ferramenta fundamental do educador físico e de todas as equipes do Núcleo de Saúde da Família.

“O papel do Educador Físico não se resume somente a prescrição dos exercícios, este profissional também irá trabalhar com a quebra de paradigmas a respeito do benefício da prática da atividade física, trabalhará fatores motivacionais, inclusão social, cultura e educação com relação aos esportes. E principalmente, tentar dentro destes e de outros aspectos aumentar a adesão ao exercício, fator de suma importância para podermos impactar a saúde da população de forma positiva!”, disse.

Autor: Thayná Valente
Foto: Jonas Guimarães
Fonte: Semsa

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