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Centro Dia do Idoso forma primeira turma de alfabetização

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Publicado em:  05/05/2022

Ação beneficiou moradoras que fazem atividades no espaço

“Foi libertador conseguir ler pela primeira vez, me senti livre”. Esse é o depoimento de Luzia Silva Holanda, de 77 anos, que integra a primeira turma de alfabetização do Centro Dia do Idoso, no Jardim Catarina, um equipamento da Secretaria de Assistência Social. O Brasil conta com 11 milhões de analfabetos, sendo 18% idosos, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Educação divulgados em 2020.

“Ao apresentar algumas atividades que necessitavam de escrita e leitura, nossa equipe começou a perceber que havia idosos que não participavam. Começamos a pensar em um jeito de abordar esse assunto sem que causasse constrangimento, pois sabemos que é um assunto delicado para muitas pessoas. As profissionais começaram então a levantar o assunto com os idosos e alguns demonstraram interesse em aprender a ler e escrever de imediato”, contou Cinthia Weber, coordenadora do espaço.

Ao todo, seis idosas, entre 60 e 77 anos, participam da turma. A expectativa é de que, no final do ano, a primeira turma de alfabetização seja formada. E, com isso, novos grupos serão criados.

“Esse é um projeto piloto, pois percebemos a necessidade desses idosos que já atendíamos. Todas as alunas foram privadas de ter acesso à educação, seja por pais, maridos ou pessoas que as criaram. É um grito de liberdade, uma questão de empoderamento feminino”, declarou a coordenadora do espaço.

A pedagoga Marcele Montezano, pós graduada em Psicopedagogia, busca desenvolver a vivência de cada idosa para que seja um ensino leve através de dinâmicas.

“Como profissional também é um grande desafio para mim, pois nunca tinha trabalhado com alfabetização de idosos. Mas tem sido uma experiência maravilhosa! Na turma temos casos de mulheres que já tiveram contato com a leitura e a escrita, mas não lembram mais, e outras que nunca tiveram acesso e oportunidade. Por isso, desenvolvo atividades lúdicas como jogo da velha, ditado, sempre buscando tarefas que não sejam maçantes para elas. Estamos em um processo a passos lentos, mas que já é possível ver uma evolução”, contou a pedagoga.

Luzia Silva Holanda, de 77 anos, nunca frequentou a escola, pois não tinha autorização da família. “Fui criada por uma mulher que me tirou do abrigo com a promessa de que me daria educação, no entanto, ela nunca permitiu que eu fosse para escola. Nunca frequentei um colégio. E sempre quis aprender, mas a vida é dura e nunca consegui ter a educação como prioridade. Mas essa situação sempre me incomodou, principalmente quando ficava no ponto de ônibus e precisava saber se aquela era a minha condução. Perguntava sempre para as pessoas, mas nem todos tinham paciência para responder. Então, no dia que pude ler o nome do ônibus para ir para casa, eu chorei de emoção. Aquele momento foi um dos mais emocionantes da minha vida. Foi libertador conseguir ler pela primeira vez, me senti livre. Ainda não consigo ler muitas coisas, preciso aprender muito ainda, mas tenho certeza que vou conseguir”, contou Luzia.

Atualmente, o Centro Dia do Idoso atende cerca de 350 idosos por mês. Formado por uma equipe multidisciplinar com psicólogo, assistente social, pedagogos e educadores, o espaço oferece oficinas que estimulam a mente e o corpo.

Autor: Ascom
Foto: Luiz Carvalho
Fonte: Ascom

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