Início > CIEVS > Cievs – São Gonçalo (Alerta 06/2022)

Cievs – São Gonçalo (Alerta 06/2022)

Compartilhe isso:


Publicado em:  28/12/2022

Alerta pós fortes chuvas no município

Os serviços de vigilância e assistência ao paciente no período de altas temperaturas e chuvas fortes
com a chegada do verão eleva o risco de transmissão de Arboviroses e leptospirose no munícipio. Diante disso há necessidade de alertar as unidades de saúde para um possível aumento no números de casos destes agravos.

ARBOVIROSES

As arboviroses são doenças causadas por artrópodes, tendo como o mais conhecido o Aedes aegypti,
mosquito responsável pela transmissão dos vírus da dengue, chikungunya e Zika.

As arboviroses podem evoluir para quadros com manifestações neurológicas, tendo como as principais
manifestações neurológicas em pacientes infectados, encefalite, meningoencefalite, mielite e síndrome de
Guillain-Barré (SGB).

As arboviroses possuem diversos sinais clínicos semelhantes e a dificuldade da suspeita inicial pelo
profissional de saúde podem dificultar a adoção de manejo clínico adequado e, consequentemente, predispor à ocorrência de formas graves, levando eventualmente a óbitos.

Para combatê-las é necessário que todos os segmentos da sociedade estejam envolvidos com a área
da saúde, para prevenção e a eliminação de criadouros do mosquito, ou seja, não permitir o acúmulo de água limpa e parada em vasos de plantas, pneus e qualquer lugar que possa propiciar tal fato.

PERÍODO DE INCUBAÇÃO E TRANSMISSIBILIDADE

O processo de transmissão compreende um período de incubação intrínseco (PII) – que ocorre no ser
humano – e outro extrínseco, que acontece no vetor. Esses períodos se diferenciam, de acordo com o vírus envolvido na transmissão e, no caso do período de incubação extrínseco (PIE), também em função da temperatura ambiente. Em relação ao DENV, o período de incubação intrínseco pode variar de quatro a dez dias. Após esse período, inicia-se o período de viremia no homem, que geralmente se inicia um dia antes do aparecimento da febre e se estende até o quinto dia da doença. O período de incubação intrínseco do CHIKV pode variar de 1 a 12 dias. O período de viremia no homem pode perdurar por até dez dias e, geralmente, inicia-se dois dias antes do aparecimento dos sintomas. O período de incubação intrínseco do ZIKV é de 2 a 7 dias, em média. Estima-se que o período de viremia no homem se estende até o quinto dia do início dos sintomas. A fêmea do vetor Aedes aegypti pode contrair a partícula viral ao se alimentar de sangue de uma pessoa infectada no período virêmico, dando início ao PIE. Esse período corresponde ao tempo decorrido desde a ingestão de sangue contaminado com o vírus, pelo mosquito suscetível, nesse período o vírus passa por uma maturação intrínseca na qual se torna partícula viral infecciosa novamente, sendo armazenada na linfa do hospedeiro (mosquito) quando ocorre novamente o repasto sanguíneo, essas partículas são injetadas no hospedeiro humano, desencadeando assim o PII. Em relação ao DENV e ao ZIKV, o PIE varia de 8 a 14 dias; para o CHIKV, o período e menor, de 3 a 7 dias. O período de incubação é influenciado por fatores diversos desde ambientais, como a própria capacidade de resposta do hospedeiro infectado. Após o PIE, o mosquito permanece infectante até o final da sua vida (seis a oito semanas), sendo capaz de transmitir o vírus para o homem, pois no hospedeiro intermediário (Aedes aegypti) o vírus tem capacidade de fazer infecção latente.

MODOS DE TRANSMISSÃO

Os três arbovírus podem ser transmitidos ao homem por via vetorial, vertical e transfusional. A principal forma é a vetorial, que ocorre pela picada de fêmeas infectadas do mosquito Aedes aegypti. Na natureza, esses vírus são mantidos entre mosquitos, principalmente por intermédio da transmissão vertical (transovariana). Para o DENV, CHIK e ZIKV, existem registros de transmissão vertical em humanos gestante-feto). Em relação à dengue, os relatos dessa via de transmissão são raros. No chikungunya, a transmissão perinatal pode ocorrer em caso de gestantes virêmicas, muitas vezes provocando infecção neonatal grave. No entanto, estudos apontam que a transmissão vertical do CHIKV e rara, ocorrendo antes da 22a semana de gestação. Em relação ao Zika, a transmissão vertical pode ocorrer em diferentes idades gestacionais e resultar em amplo espectro de malformações no feto, podendo desenvolver a síndrome neurológica do Zika vírus e até mesmo levar ao aborto. Esses arbovírus também podem ser transmitidos por via transfusional. Além dessas três formas de transmissão, estudos apontam que o ZIKV pode ser transmitido por via sexual de uma pessoa infectada (sintomática ou não) para seus parceiros, durante meses após a infecção inicial, pois testes mostram que no sêmen o vírus tem capacidade de ainda se apresentar infeccioso até 68 dias após a infecção no caso do Zika vírus por exemplo.

SINAIS E SINTOMAS

Algumas particularidades a respeito do diagnóstico diferencial entre dengue, chicungunya e zika são
descritas no Quadro abaixo:

ÓBITOS POR ARBOVIROSES

Na dengue no Brasil há a circulação simultânea dos quatro sorotipos do vírus dengue (DENV), que tem
gerado um grande número de casos graves e óbitos. Os vírus chikungunya (CHIKV) e Zika (ZIKV) no Brasil, que em 2014 e 2015, teve ampla dispersão pelo país, vem dificultando a suspeita e o diagnóstico clínico diferencial entre elas, por sua vez os óbitos só se torna possível o diagnóstico diferencial para confirmação através de exames laboratoriais específicos, se possível também após o óbito (imuno-histoquímica ou PCR em vísceras).

CRITÉRIOS

• Óbito por dengue: todo paciente que preencha os critérios de definição de caso suspeito ou confirmado e que morreu como consequência da doença. Quanto aos pacientes com dengue e doenças associadas que evoluírem para óbito no curso da doença, a causa básica do óbito deve ser considerada a dengue.
• Óbito por chikungunya: todo paciente que preencha os critérios de definição de caso suspeito ou confirmado e que morreu como consequência da doença. Considerando-se que os óbitos de chikungunya podem ocorrer em qualquer fase de evolução da doença (aguda, pós-aguda e crônica), é importante que sejam investigados e discutidos em comitês de investigação com especialistas para a correta classificação. Quanto aos pacientes com chikungunya e doenças associadas que evoluírem para óbito no curso da doença, a causa básica deve ser considerada chikungunya. Alguns pacientes podem se apresentar como casos atípicos e graves da doença e evoluir para óbito, com ou sem outras doenças associadas, sendo considerados óbitos por chikungunya.
• Óbito por Zika: todo paciente que preencha os critérios de definição de caso (suspeito ou confirmado) e que morreu como consequência da doença. Relatos de óbitos por Zika, exceto natimortos e recém-nascidos, são mais raros em comparação à dengue e à chikungunya.

NOTIFICAÇÃO

• Portaria GM/MS No 1.102, de 13 de maio de 2022 e Resolução SES No 2.485, de 18 de outubro de 2021, os casos suspeitos das arboviroses dengue, chikungunya e Zika são doenças de notificação compulsória, ou seja, todo caso suspeito e/ou confirmado deve ser comunicado ao Serviço de Vigilância Epidemiológica.
• Óbitos suspeitos de dengue, chikungunya e Zika, além dos casos de chikungunya em áreas sem transmissão, são de notificação compulsória imediata, a ser realizada em até 24 horas a partir do conhecimento da ocorrência de doença, agravo ou evento de Saúde Pública, pelo meio de comunicação mais rápido disponível, e posteriormente, devem ser inseridos no Sinan. Esse serviço deverá informar imediatamente o caso à equipe de controle vetorial local, para a adoção das medidas necessárias ao combate do vetor.
• A notificação deve ser registrada no Sinan online, através da ficha de notificação/investigação da
dengue/chikungunya .Casos de Zika devem ser notificados na ficha de notificação/conclusão,sendo depois inseridos no Sinan Net.
• Até que se tenha um sistema de informação que permita uma única entrada de dados para as três doenças (dengue, chikungunya e Zika), cada uma deve ser digitada conforme a suspeita inicial, e se descartada para essa suspeita e confirmada para outra doença, o caso deve ser encerrado no Sinan como descartado e outra notificação deve ser inserida para o agravo confirmado.
• Os casos de malformação congênita devem ser notificados e investigados conforme normas estabelecidas no documento “Orientações Integradas de Vigilância e Atenção à Saúde no Âmbito da Emergência de Saúde Pública de Importância”.
• Os casos de manifestações neurológicas suspeitos de infecção prévia por dengue, Zika e chikungunya devem ser informados por meio de instrumento específico, o “Manual de Vigilância Sentinela de casos das Arboviroses Neuroinvasivas”.
• Os casos suspeitos de doença neuroinvasiva, por infecção prévia por DENV, CHIKV ou ZIKV devem ser
registrados na ficha Notificação/Conclusão do SINAN conforme classificação Internacional de doenças – CID 10: encefalite viral transmitida por mosquito – A83.8; encefalite viral não especificada – A86.0; encefalite aguda disseminada (ADEM) – G04.0; meningite viral- A87.0; mielite viral G05.1; outros transtornos do Sistema Nervoso Periférico G64; poliomielite aguda não especificada A80.9; sequelas de doenças inflamatórias do SNC- G09; Síndrome de Guillian-Barré (SGB) – G61.0;

• A nível nacional, a Síndrome Congênita relacionada ao Zika Vírus (SCZV) é um agravo de notificação
compulsória. Todos os casos que atenderem às definições deverão ser registrados no formulário eletrônico Registro de Eventos de Saúde Publica (Resp), disponível no endereço:
http://www.resp.saude.gov.br/microcefalia#/painel. Além disso, também devem ser registrados em sistemas de informação oficiais, conforme orientado no Guia de Vigilância em Saúde (BRASIL, 2022).
• Em situações epidêmicas, a coleta e o fluxo dos dados devem permitir o acompanhamento da curva da
doença, com vistas ao desencadeamento e avaliação das medidas de controle. Os casos graves devem ser
notificados e investigados, preferencialmente durante o período de internação. Orientação especial para a notificação de casos Comunicar imediatamente ao CIEVS-SG (Municipal) e a Vigilância Epidemiológica de São Gonçalo da existência de pacientes de acordo com a definição de casos suspeito e prováveis descrito acima, através do e-mail: epidemio.pmsg@gmail.com Tel: 3195-5198 Ramal 1017 e/ou cievs.sg@gmail.com Tel: 3195-5198 Ramal 1105 (óbitos ou surtos).

PREVENÇÃO
Dengue e Chikungunya

• No domicilio a eliminação de criadouros, para reduzir o número de mosquitos, deve-se esvaziar qualquer local que possa acumular água e/ou que sejam totalmente cobertos com telas/capas impedindo o acesso das fêmeas grávidas.
• Na comunidade as ações realizadas pelos programas de eliminação do mosquito, além de reduzirem o
número de mosquitos na comunidade, interferem na probabilidade de um ser humano que está com o vírus circulante em seu sangue (viremia) servir como fonte de alimentação sanguínea e de infecção para Aedes aegypti.
• Não esquecendo a importância da atuação ativa de toda a população para se evitar possíveis criadouros em suas residências, escolas e ambientes de trabalho, somando esforços com as atividades de rotinas dos
programas municipais e estaduais.
• A população no geral, uma vez que não se dispõe de nenhuma vacina ou drogas antivirais, devendo utilizar repelentes e/ou roupas que minimizem a exposição da pele, proporcionando alguma proteção contra as picadas dos mosquitos principalmente durante o dia, período que são mais ativos.

Zika

• Para as gestantes, a orientação é não usar medicamentos sem prescrição de profissionais de saúde e que façam um pré-natal qualificado e todos os exames previstos nesta fase, além de relatarem aos profissionais de saúde qualquer alteração que perceberem durante a gestação. Destacando a importância do uso de repelentes indicados para o período de gestação, uso de roupas de manga comprida e todas as outras medidas para evitar o contato com mosquitos, além de evitar o acúmulo de água parada em casa ou no trabalho. Independente do destino ou motivo, toda grávida deve consultar o seu médico antes de viajar.
• Não existem medidas de controle específicas direcionadas ao homem, devendo ser adotadas as medidas citadas para dengue e chikungunya.

LEPTOSPIROSE

A leptospirose é um importante problema de saúde pública no Brasil, e em outros países tropicais em
desenvolvimento, devido à alta incidência nas populações que vivem em aglomerações urbanas sem a
adequada infraestrutura sanitária e com altas infestações de roedores. Esses fatores, associados às estações chuvosas e às inundações, propiciam a disseminação e a persistência das leptospiras no ambiente, predispõem o contato do homem com águas contaminadas e facilitam a ocorrência de surtos e em situações de desastres naturais, como nas enchentes, indivíduos ou grupos de pessoas que entraram em contato com lama ou água de enchentes podem se infectar e manifestar sintomas da doença.

PRINCIPAIS SINTOMAS

Os principais sintomas da leptospirose são: febre, dor de cabeça, fraqueza, dores no corpo (em especial, na batata da perna) e calafrios, que aparecem alguns dias depois de ter entrado em contato com as águas de enchente ou esgoto (em média sete a quinze dias após a contaminação). Ao sentir algum destes sintomas, procure, o mais rápido possível, uma unidade de saúde e informe ao médico se houve contato com água ou lama de enchente.

PREVENÇÃO
Recomenda à população

• Evitar o contato com água ou lama de enchentes, bem como impedir que crianças nadem ou brinquem nestas águas;
• Usar botas e luvas de borracha durante o trabalho de limpeza da lama, desentupimentos de esgotos e
manilhas; na remoção de detritos e lavagem do chão nos locais atigidos pelas enchentes,
• Paredes, objetos caseiros e roupas atingidas pelas enchentes limpar com sabão e água sanitária, na
proporção de um copo de água sanitária para vinte litros de água;
• Jogar fora todo o alimento que teve contato com a água da enchente;
• Armazenar o lixo em recipientes bem fechados e em locais elevados do solo, para que não sirva de fonte de alimento para os ratos. O ideal é colocar o lixo na rua para a coleta pública pouco antes do caminhão de lixo passar e jamais jogá-lo em córrego, bueiros ou na rua.

DEFINIÇÃO DE CASOS

SUSPEITO:
Indivíduo com febre, cefaleia e mialgia, que apresente pelo menos um dos critérios a seguir elencados.
Critério 1
Presença de antecedentes epidemiológicos sugestivos nos 30 dias anteriores à data de início dos sintomas, como:
• Exposição a enchentes, alagamentos, lama ou coleções hídricas.
• Exposição a fossas, esgoto, lixo e entulho.
• Atividades que envolvam risco ocupacional, como coleta de lixo e de material para reciclagem, limpeza de córregos, trabalho em água ou esgoto, manejo de animais, agricultura em áreas alagadas.
• Vínculo epidemiológico com um caso confirmado por critério laboratorial.
• Residência ou local de trabalho em área de risco para leptospirose.
Critério 2
Presença de pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas:
• Icterícia.
• Aumento de bilirrubinas.
• Sufusão conjuntival.
• Fenômeno hemorrágico.
• Sinais de insuficiência renal aguda.

NOTIFICAÇÃO

A leptospirose é uma doença de notificação compulsória no Brasil. Tanto a ocorrência de casos suspeitos
isolados como a de surtos devem ser notificadas, o mais rapidamente possível, para o desencadeamento das ações de vigilância epidemiológica e controle. A notificação deve ser registrada no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), utilizando-se a Ficha de Investigação da Leptospirose.
Orientação especial para a notificação de casos Comunicar imediatamente ao CIEVS-SG (Municipal) e a Vigilância Epidemiológica de São Gonçalo da existência de pacientes de acordo com a definição de casos suspeito e prováveis descrito acima, através do e-mail:
cievs.sg@gmail.com Tel: 3195-5198 Ramal 1105 e/ou epidemio.pmsg@gmail.com Tel: 3195-5198 Ramal 1017.

Autor: Ascom

Notícias relacionadas

Skip to content