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Libras e braille facilitam atendimento no Centro de Reabilitação

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Publicado em:  13/05/2022

CER III, em Neves, se destaca na comunicação com pacientes

Um trabalho de muito amor e dedicação tem se destacado entre os pacientes do Centro Especializado em Reabilitação (CER III), em Neves. Uma intérprete de libras e uma transcritora de braille ajudam os usuários do espaço a fazerem as atividades de reabilitação. Além da ajuda, elas também ensinam a linguagem às famílias dos deficientes auditivos e visuais, facilitando a comunicação em outros ambientes.

Os deficientes são inseridos para os tratamentos do CER III através da Central de Regulação da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil. Mas nada os impede de ir até o local para conhecer como funciona o atendimento e receber orientação naquilo que precisam, quais os procedimentos e como ter acesso em toda rede pública de saúde de São Gonçalo. 

 Quem chega ao CER através da Central de Regulação e tem deficiência auditiva, fará todo o tratamento com a intérprete de libras. O mesmo acontece com os deficientes visuais, que recebem o acompanhamento da transcritora de braille. As profissionais também reservam tempo para ensinar a linguagem dos sinais e a alfabetização do braille e a matemática em braille aos que ainda não dominam a comunicação.

“Quem é deficiente auditivo ou visual e já é paciente do CER na reabilitação, recebe os atendimentos e acompanhamentos de libras ou braille. Quem ainda não é, também será acolhido pelo serviço social e com a intérprete para entender o que ele precisa e mostrar o caminho que deve ser feito para conseguir o tratamento, seja no CER ou em outra unidade de saúde. Tudo é distribuído através da Central de Regulação, dependendo de cada caso e necessidade”, explicou a diretora do CER III, Micheli Samary.    

Raquel Gonçalves Varella é a intérprete de libras do espaço. Ela trabalha com libras há três anos e encontrou no CER a oportunidade de ajudar mais pessoas desde janeiro deste ano. “Eles são muito gratos e pacientes. E é muito bom ajudá-los. Imagino como deve ser angustiante não conseguir se comunicar com outras pessoas. Fica tudo muito mais difícil. Poder acompanhá-los nos tratamentos é muito prazeroso. Eles agradecem o tempo todo por melhorar a vida deles com esse trabalho”, disse Raquel. 

O que Raquel diz é comprovado pela paciente deficiente auditiva Mônada Rodrigues de Souza, 35, que usa os serviços de fisioterapia e psicologia no CER. “Eu fico muito feliz de ter a intérprete de libras comigo. Sozinha, não tem muito o que fazer, pois fico nervosa porque as pessoas não me entendem. O intérprete ajuda a explicar as coisas. Já deixei outras terapias por não ter o intérprete, fica impossível a comunicação. Comecei em fevereiro no CER e não consigo mais me imaginar em outro lugar. Nunca tive esse tipo de atendimento com intérprete”, disse Mônada, em linguagem de sinais, interpretada por Raquel.  

Com artrose e tenossinovite, ela disse que o tratamento já está trazendo resultados. “As dores na coluna estão diminuindo muito. Faço tudo sozinha e preciso dessas sessões para me sentir melhor. Já estou com mais disposição para fazer as coisas em casa. Não sei se ia ter essa melhora se não fosse com a intérprete no acompanhamento”, disse Mônada. Além de ajudar a paciente, Raquel também ajuda a fisioterapeuta e a psicóloga que cuidam de Mônada nas sessões.

“Não tem como trabalhar se não tiver intérprete. A gente não sabe o limite da dor do paciente. Quando ela chega, a gente faz várias perguntas relacionadas à coluna, como dormiu, em qual posição, por exemplo. Ela poder passar isso tudo para gente fazer o trabalho apropriado é muito bom. E para a gente, como profissional, entender o que ela fala e sente, é um avanço. É muito boa essa ajuda. Faz uma diferença enorme. Já trabalhei em outros lugares e é a primeira vez que vejo intérprete de libras acompanhando o deficiente”, contou a fisioterapeuta Lucilene Santos de Miranda.

O trabalho da transcritora de braille também é reconhecido pelos seus pacientes. Cláudia Assis está alfabetizando o deficiente visual Erick Silva, 50, desde o início deste ano. Ele pensa em realizar o Enem para seguir em uma nova profissão, já que não consegue exercer mais o ofício de mecânico desde que perdeu a segunda visão há três anos. Este também é um tipo de reabilitação oferecido pelo CER.

“Está sendo maravilhoso. Voltei a estudar e estava meio desesperançoso, mas achei o braille, que eu posso ter mais acessibilidade. Estou terminando o ensino médio e me alfabetizando com o braille. Tive que começar tudo do zero de novo, estou me adaptando aos poucos. Já ando sozinho, consigo pegar ônibus, sempre tem alguém que ajuda. Mas quanto mais a gente aprende, mais fica independente. Já sei que posso ler o nome do remédio na caixa, por exemplo, o que facilita na hora de comprar para confirmar o nome e para não tomar o remédio errado. Minha transcritora é muito paciente, já aprendi a escrever bem com ela, estou lendo com alguma dificuldade, mas sei que vou conseguir. Não sei o que seria sem esse trabalho”, contou Erick.

Cláudia Assis conta que ser transcritora é um grande desafio e é diário, mas há a recompensa de ter o poder de ensinar e entender a dificuldade do outro, destacando que o sistema braille é indispensável na conquista da independência, da autonomia e para o deficiente viver melhor na sociedade com seus direitos garantidos.

“Ler apenas com o manuseio das mãos é um desafio. Eu costumo dizer que escolhi ser transcritora por desafio, para poder levar àqueles que buscam aprender a ler e mostrar que são capazes. É uma troca e é muito gratificante ver que o aluno aprendeu. Estou realizada por ser instrumento para levar conhecimento para eles e poder inseri-los na sociedade”, finalizou Cláudia.

Regulação – Todas as consultas para as unidades de saúde da rede pública de São Gonçalo são marcadas através da Central de Regulação da secretaria. Para marcar, o gonçalense pode procurar qualquer unidade de saúde da rede municipal, independente se será atendido naquele local. As unidades inserem os pacientes no sistema da Central de Regulação, que vai entrar em contato – através do telefone – para avisar sobre a marcação do serviço, que será agendado em local que for mais próximo de sua residência. 

O regulador e coordenador da Rede de Cuidados da Pessoa com Deficiência (RCPD), Dr. Raphael Caetano, reforça que é necessário que os pacientes mantenham um telefone que funcione e esteja atualizado no cadastro. O contato e endereço do morador também podem ser atualizados em qualquer unidade de saúde.

Autor: Ascom
Foto: Julio Diniz
Fonte: Ascom

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