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XV Fórum Intersetorial fecha semana da Luta Antimanicomial

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Publicado em:  21/05/2019

Finalizando a programação do Dia da Luta Antimanicomial em São Gonçalo, comemorada no último dia 18, a Secretaria Municipal de Saúde, através do Programa de Saúde Mental realizou, nesta terça-feira (21), o XV Fórum Intersetorial para Ações em Saúde Mental, Álcool e outras Drogas. O evento, que ocorreu no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SG), no Zé Garoto, contou com profissionais da área discutindo os desafios da Luta Antimanicomial nos dias atuais e as questões da reforma psiquiátrica no país.

A articuladora intersetorial e responsável pelo evento, Kassia Rapella, explica o objetivo do movimento e a importância da comemoração dessa data. “O movimento é um diálogo de conscientização com as instituições legais e com os cidadãos ao elaborar o discurso de que os portadores de transtornos mentais não representam ameaça ou risco ao círculo social. Portanto, criamos essa semana da Luta no município para conscientização da população sobre o trabalho da rede psicossocial, a luta dos direitos das pessoas com sofrimento psíquico. A partir da reforma psiquiátrica, a ampliação de direitos conduz a debates importantes que são representados na semana e tornam visíveis questões ligadas às novas estratégias de cuidado, como terapias e atividades ligadas ao trabalho, cultura, esporte e lazer que os ajudam a manter vínculos com família, amigos e com o local que habitam”, explica.

O evento começou às 13h e contou com a participação de profissionais da área, usuários e/ou interessados pelo tema. Na programação, houve uma mesa composta pelos representantes: Flavia Fernando, membro do Núcleo RF da Rede Nacional de feministas antiproibicionistas; Manoel Ferreira, militante do Coletivo Niterói Sem Manicômios; e Janaina dos Santos, componente da comissão de usuários e familiares do CAPS Paulo Marcos Costa.

A médica psiquiatra, Flavia Fernando, doutoranda em psicologia, foi uma das palestrantes e explica um pouco do seu trabalho nas redes de atenção psicossocial, em supervisão e formação de trabalhadores e no cuidado de pessoas com drogas. Além de mostrar a importância do movimento antimanicomial.

“Vim conversar a respeito da contemporaneidade da luta antimanicomial. A importância da gente seguir pensando a formulação das nossas políticas para o cuidado dessas pessoas na produção de autonomia em liberdade. Considerando um contexto nacional, tanto de modo geral de sofrimento psíquico, quanto pessoas de uso problemático de álcool e outras drogas, já que existe uma aprovação recente no senado e uma mudança na política de drogas que faz nós debatermos e pensarmos em como resistir ao contexto de retrocesso e seguir produzindo um cuidado na prática e desafio enorme e de alta pertinência”, declara

O psicólogo, Manoel Ferreira, é militante do Coletivo Niterói Sem Manicômios, mas também trabalhou como acompanhante em CAPS. Também, foi convidado a participar e apresentar sobre o programa e a importância junto à população, argumentando sobre os desafios da reforma psiquiátrica, o marco do fim dos manicômios, a cidadania, direitos da saúde e liberdade, além da divulgação sobre a história dessa luta.

“Como o tema diz respeito à luta antimanicomial e faço parte de um coletivo em Niterói, vim fazer essa troca com os gonçalenses. Apresentar um pouco do surgimento do coletivo e da reforma psiquiátrica em geral. Fazer uma comparação entre os municípios e mostrar que podemos prestar apoio a todos. Uma troca de como está sendo realizada essas questões aqui, uma vez que São Gonçalo não possui um hospital psiquiátrico. Mostrar os desafios do tema e soluções para os problemas existentes atualmente.

Dentro do Programa de Saúde Mental, o Fórum acontece de dois em dois meses sobre um tema da área mental e escolhido previamente de acordo com a demanda, com o objetivo de discutir e fortalecer a Rede de Atenção Psicossocial do município. Além disso, quinzenalmente é realizada uma supervisão territorial com a supervisora do CAPS AD Gradim, Simone Delgado, onde compartilham experiências com a equipe do Programa e com a rede, já que o apoio é uma estratégia que pode ser utilizada por qualquer setor, em que tenha uma equipe com entraves e outra que possa ofertar apoio.

Luta Antimanicomial

O Movimento da Luta Antimanicomial é um processo organizado de transformação dos serviços psiquiátricos, derivado de uma série de eventos políticos globais, baseado no discurso do médico italiano Franco Basaglia. No Brasil, iniciou-se no final da década de 70 e é caracterizado pela defesa dos direitos das pessoas com sofrimento mental, tendo o direito fundamental à liberdade, o direito a viver em sociedade, além do direto a receber cuidado e tratamento sem que para isto tenham que abrir mão de seu lugar de cidadãos.

Autor: Raquel Muniz
Foto: Jonas Guimarães

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