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Família Acolhedora muda a realidade de crianças em situação de violência em SG

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Publicado em:  20/05/2019

De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), em 2018, 70% dos casos de abuso sexual cometidos no Rio de Janeiro vitimaram crianças e adolescentes. Grande parte dos abusos aconteceram dentro de casa, cometido por familiares ou pessoas próximas. Em São Gonçalo, neste mesmo período os números se assemelham nas estatísticas do Família Acolhedora. Cerca de 80% das crianças em situação de acolhimento foram distanciadas de suas famílias de origem devido a abusos e violências. Criado como uma política pública protetiva para crianças em situação de vulnerabilidade, atualmente o serviço acolhe 17 crianças de zero a seis anos que hoje moram em um lar temporário cheio de amor e afeto.

O serviço é responsável por selecionar, capacitar, cadastrar e acompanhar as famílias acolhedoras, bem como realizar o acompanhamento da criança acolhida e as famílias de origem, com uma equipe formada por assistente social, psicólogas e educadores sociais. A proposta é acolher e tornar novamente possível a convivência familiar e comunitária. Diferente do abrigamento institucional, as crianças convivem com a família todo tempo, garantindo uma infância com afeto e cuidado, como toda criança merece.

A assistente social do serviço, Cristiana Souza, conta que os casos de abuso sexual são os mais difíceis de serem identificados. Diferente das agressões físicas, o abuso deixa outras marcas.

“As crianças chegam ao Família Acolhedora por diferentes questões. Temos casos de negligência, violência física, abandono, e são violências que acontecem dentro de casa, que nós entendemos que é o lugar onde essa criança deveria se sentir protegida”, disse.

No Família Acolhedora, as famílias inscritas são acompanhadas e recebem junto à criança todo suporte junto às instituições da assistência social.

O acompanhamento junto às famílias acolhedoras é feito por meio de reuniões mensais, que ocorrem toda última terça-feira do mês, onde elas relatam e trocam experiências do acolhimento. Para a coordenadora do serviço, Dinamarcia Monteiro, a importância desse vínculo, ainda que temporário, faz com que a criança não perca referências familiares. Segundo ela, por mais que a acolhida seja temporária, a humanização do período longe da família biológica auxilia de forma positiva.

“Cada família é responsável por estimular o desenvolvimento dessas crianças. Elas recebem todo o apoio da Prefeitura, inclusive de alimentação, além do acompanhamento feito pela equipe técnica. Mesmo ficando com a criança por um período definido por um juiz, isso ajuda muito para que essa criança tenha um desenvolvimento saudável e cercado de afeto”, explica.

Para a secretária de Desenvolvimento Social, Marta Maria Figueiredo, a rede de proteção às crianças é fundamental na garantia dos direitos dos pequenos e no desenvolvimento de uma infância sem violência.

“Grande parte das famílias de origem possuem um histórico de violação de direitos. Por isso o serviço é tão importante, porque além de acolher a criança nós também acompanhamos essas famílias entendendo que cada caso é um caso e criando pontes para que todos possam acessar seus direitos quanto cidadãos, garantindo o respeito à dignidade do outro. Nossa maior tarefa é que essas crianças retornem aos seus lares de origem. E esgotadas as possibilidades, a partir de uma avaliação técnica com os serviços de garantias de direitos como o Ministério Público, Conselho Tutelar, Vara da Infância, nós indicamos para que essa criança entre no processo de adoção, quando é o caso”, ressaltou.

Para ser um acolhedor é preciso ter 18 anos ou mais, morar em São Gonçalo, não estar respondendo a processos na justiça e não ter a perspectiva de adoção da criança acolhida, visto a identidade de rotatividade e temporalidade do serviço. Os interessados devem encaminhar um e-mail para paf.fias@gmail.com, com os seguintes dados: nome, endereço, telefone e idade. Para maiores informações basta ligar para o número 37192473 ou ainda comparecer à sede do serviço, localizada na SMDS, na Rua Doutor Porciúncula, 395, Venda da Cruz (antigo 3BI).

Autor: Thayná Valente
Foto: Lucas Alvarenga

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